Tranças: além da estética.

As tranças de cultura africana, carregam uma bagagem ancestral muito forte, já foram utilizadas como ferramenta de sobrevivência durante o período da escravidão, e hoje em dia ainda continuam trazendo o significado de sobrevivência, mas como forma econômia para muitas pessoas negras. Esse tipo de penteado, além dos significados que carregam consigo, para as mulheres negras são forma de proteção e aceitação diante o impacto direto com o racismo estrutural presente na sociedade, interferindo na sua autoestima, segurança e identidade.

“As tranças acabam tento um papel muito importante na resistência negra contra a escravidão. Muitas vezes o cabelo era trançado como um mapa com caminhos para os quilombos, assim como sementes para serem plantadas eram tranças junto do cabelo para serem levadas aos quilombos. Dessa forma, a trança acaba tendo um papel importante tanto para a resistência e sobrevivência das nossas negritudes, quanto da nossa gente.”afirma Joyce Silva Cardoso, 25 anos, formada em História Bacharel.

Com a chegada dos africanos de forma forçada ao Brasil eles trazem consigo tradições e costumes de suas terras, o historiador Marcelo Studinski relata que: “Os africanos estão, trazem tradição dos seus territórios das localidades em África, seja no atual Benim, do atual Nigéria, do atual Angola, Moçambique ou Guiné- Bissau que são de onde vieram e partiram essas etnias, que foram transmigrados”. Os costumes foram sendo passados de geração em geração, as tranças em sua terra de origem tinha diversos significados como: posição social, status, etnia e crença. De diversas localidades da África, hoje são herança de uma cultura que resistiu para sobreviver.

Hoje em dia, fazer tranças além de transmitir o conhecimento ancestral também é uma forma de renda para muitas pessoas negras, os trancistas como são chamadas quem trabalha especificamente fazendo tranças, é uma profissão que vem crescendo cada dia mais. Para Daniele de Souza, jovem de 18 anos que trabalha a dois anos com penteados afro, sua admiração ao olhar sua tia trançando despertou sua vontade de aprender e logo depois viu a oportunidade de trabalho: “Minha tia faz tranças então ela me ensinou muita coisa, ela fazia em mim e nas minhas primas e eu comecei a ter interesse em aprender e eu aprendi a “trança básica” digamos assim com ela. Eu vi que eu tinha talento para fazer isso, e aí eu comecei a ver isso como uma forma de trabalho e de ganhar dinheiro, trabalhar de fato com isso e isso aconteceu por volta de 2019, e foi no finzinho mais ou menos do ano que eu comecei a aprender outras técnicas de tranças.”

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